BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
No início dos anos 40, as relações entre o Brasil e os Estados Unidos foram marcadas pela evolução da Segunda Guerra Mundial. De um lado, os Estados Unidos desejavam ter o Brasil como aliado político e militar, e pretendiam instalar bases militares no Nordeste brasileiro, com o objetivo principal de garantir a defesa do continente quanto a uma possível invasão da Alemanha e de seus aliados.
O Brasil assumia grande importância estratégica para a defesa do continente. Por sua proximidade relativa do Panamá.ativa com a África, o Nordeste brasileiro se constituía num alvo provável de uma eventual invasão da América do Sul e, ao mesmo tempo, representava um local ideal para a partida de aeronaves que se dirigissem para a África e União Soviética desde o continente americano. A cidade de Natal apresentava grande interesse militar, podendo servir de base de apoio à travessia de aviões do Atlântico Sul e, no caso de uma eventual tentativa de invasão do continente, num ponto estratégico para um possível ataque ao canal de Panamá.
Em 1943, o Presidente norte- americano Roosvelt
visita a Base de Natal voltando de Casablanca
visita a Base de Natal voltando de Casablanca
Por outro lado, a extensão territorial e as riquezas naturais do Brasil conferiam ao país uma importância especial dentre todos os países da América Latina. Pela dimensão de seu território e por sua população o Brasil apresentava condições de liderar os demais países da América do Sul. Essa possibilidade assumia ainda maior relevo diante da indisfarçável simpatia do governo argentino pelas forças do Eixo.
Assinatura do Acordo Comercial Brasil - Estados Unidos Roosvelt, sentado, é cumprimentado pelo Ministro da Fazenda Souza Costa ao centro Osvaldo Aranha, então Embaixador do Brasil nos EUA.
Cerca de um mês após o ataque japonês a Pearl Harbor, e no momento em que os norte-americanos desenvolviam um intenso esforço diplomático para obter solidariedade dos países latino-americanos aos Aliados, o Presidente argentino, Ramos Castillo declarava à imprensa que seu país não iria à guerra ou promoveria a ruptura de relações diplomáticas com os países do Eixo. Nesse contexto, as relações com o Brasil ganhavam maior significação política para os Estados Unidos.
O governo dividia-se em duas correntes: uma delas francamente favorável ao alinhamento do Brasil com os Aliados e outra favorável a uma posição de neutralidade. Na verdade, o segundo grupo acreditava ser possível uma vitória militar da Alemanha, e muitos de seus integrantes nutriam simpatias para com o regime fascista. A primeira corrente era liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Osvaldo Aranha. A segunda tinha à frente o Chefe do Estado-Maior da Forças Armadas, General Góis Monteiro.
Durante os debates que precederam a tomada de posição brasileira, Góis Monteiro enviou uma carta ao então ministro da Guerra, Eurico Dutra, afirmando que o Brasil estava totalmente despreparado para enfrentar a guerra. A afirmação foi endossada pelo próprio Ministro da Guerra em documento ao Presidente da Republica. Dutra assinalava que o Brasil, no princípio de 1942, não possuía mais do que uma centena de canhões, todos eles sem munição. Dispunha de apenas 40 tanques italianos e 10 norte-americanos, sendo que estes últimos igualmente sem munição. Argumentando com a fragilidade real das Forças Armadas, Dutra propunha o adiamento do rompimento de relações diplomáticas com o Eixo, alegando não ter condições de garantir a integridade territorial do país.
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